O inusitado

(crônica de Manoel Carlos Karam publicada em 2006)

“O inusitado, o incomum, o insólito, o estranho, o etecétera.
Por que isso acontece tão pouco?
Por que o inusitado, o incomum, o etecétera não nos surpreendem mais frequentemente?
No fim do dia eu poderia dizer, sabe o que me aconteceu hoje?
E contar uma história inusitada. Tinha um conto no meio do caminho, no meio do caminho
tinha um conto.
Que nada.
O inusitado, o incomum, o insólito, o estranho, o etecétera insistem em permanecer 
inusitados, incomuns, insólitos, estranhos etc.
Eu não peço grande coisa, apenas poder contar.
Contar um conto assim, um conto como esse.

No aeroporto a voz anuncia pousos e decolagens.
De repente interrompe a notícia de voos e portões de embarque.
Mantendo o tom a voz do aeroporto começa a dizer o monólogo de Hamlet.”