Eu me lembro

(crônica de Manoel Carlos Karam publicada em 10 de setembro de 2007)

“Eu me lembro.
Eu me lembro do cartunista Solda dizendo que morava no bairro São Braz e Água Fresca.
Eu me lembro do único cigarro fumado pelo iluminador Beto Bruel.
Eu me lembro do poeta Paulo Leminski fazendo salamaleques para o amigo árabe.
Eu me lembro quando Poty Lazzarotto me confundiu com o pintor Jair Mendes e conversou comigo durante meia hora.
Eu me lembro do cartunista Dante Mendonça creditando o milagre da multiplicação dos peixes à Xerox.
Eu me lembro do craque da bola Krüger quando era ourives na rua São Francisco.
Eu me lembro do cartunista Pancho desenhando os quadrinhos do Capitão Esbórnia.
Eu me lembro da primeira vez em que vi Dalton Trevisan na porta da Livraria Ghignone na Rua das Flores.
Eu me lembro do livro “Eu me lembro”, de Georges Perec.
Eu me lembro quando combinei comigo mesmo que continuaria me lembrando.”