(crônica de Manoel Carlos Karam publicada em 2006)
“Existe um tema que me persegue.
O tema do personagem que deseja sem famoso por aquilo que deixou de fazer.
Não tenho cem por cento de conhecimento sobre o que se passa pela cabeça do meu personagem.
Acho que ele tem essa ideia porque ser famoso por aquilo que fez dá mais trabalho
do que ser famoso por aquilo que não fez. Mas não tenho certeza.
Não digo que gosto do personagem porque ele me permite falar mal de algumas pessoas célebres.
Gosto dele porque ele me parece um personagem quase humano.
O meu cachorro por exemplo é conhecido pelas coisas que faz desde regar as plantas do quintal
até mascar a rolha da garrafa de vinho. Mascar aquele ponta da rolha que ficou em contato com o vinho.
Bem, acho que o exemplo não vale, porque o meu cachorro é demasiado cachorro.
O meu personagem que deseja ser famoso por aquilo que deixou de fazer é apenas quase humano.”